terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre a ocupação da USP



É preciso fazer duas considerações sobre a ocupação da reitoria da USP, a primeira é que as Universidades públicas no Brasil não são democráticas em nenhum sentido, as decisões dentro dessas instituições são tomadas por uma pequena camarilha de professores doutores assemelhando a uma aristocracia, na onde os estudantes e funcionários, a maioria da população universitária possuem muito pouco direito à voto, necessitando baixar a cabeça a cada decisão dos doutos doutores. A segunda é que se a polícia militar trata com violência e truculência os filhos da classe média e alta, imagina como é o tratamento deles aos filhos da classe baixa.
Ainda falando sobre os estudantes é preciso desmitificar afinal, se os estudantes da USP lutam para a retirada da polícia do campus, não é somente para poderem fumar maconha como o moralismo insiste em reafirmar, é para manter a independência necessária aos estudantes, se a PM pode entrar e agir livremente na maior e melhor universidade do país, o que ele não fará nos campi menores, para ficar em um exemplo local em Maringá a PM entra no campus com toda liberdade do mundo, apesar da reitoria reafirmar repetidas vezes de que os policiais só entram no campus se o reitor chamar.
Não é uma questão da liberdade de consumo de drogas, é questão de criminalizar o movimento estudantil em um momento no qual por todo o Brasil se observa um renascimento dele no bojo do aferrecimento da crise econômica. A onda de ocupações de reitorias no fim de agosto trouxe um movimento bem direcionado que lutava por melhores condições para se estudar, para ser mais exato, lutavam para que houvesse condições mínimas para se estudar nas universidades públicas brasileiras. Essas ocupações terminaram em conquistas para esses movimentos.
Mas houve também severas tentativas de criminalização desses movimentos, como o grave caso deperseguição pela Polícia Federal e pela reitoria da UNIR em Rondônia à estudantes e professores. Mesmo aqui em Maringá apesar da garantia de não criminalização oito estudantes estão sendo processados pela Polícia Federal além de dois que perderam seus empregos e bolsas trabalho.
Novamente é feita a uma pergunta, se os estudantes da principal universidade do país, os filhos da elite paulista, paulistana e de todo o país são tratados como criminosos comuns, quando eram estudantes praticando um ato político, qual será o futuro dos estudantes de todo o país que não possuem o mesmo status dos estudantes da USP?
Em momentos de tensão como este é preciso que os estudantes de todo o país permaneçam unidos em defesa dos seus direitos políticos, pois se eles não são respeitados na USP, o que esperar do que ocorrerá com eles no interior do Paraná, do Acre ou do Tocantins?
Força USP, força estudantes!!!!
João Vicente Nascimento Lins 08/11/2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Trecho: O Capital, de Alexander Kluge



Notícias da Antiguidade Ideológica -- Marx, Eisenstein, "O Capital"

Título original: Nachrichten aus der ideologischen Antike -- Marx, Eisenstein, "Das Kapital"
País de produção: Alemanha
Ano de produção: 2008
Gênero: Documentário
Direção: Alexander Kluge
Elenco: Hans Magnus Enzensberger, Tom Tykwer, Joseph Vogl, Werner Schroeter, Galina Antoschewskaja, Claudia Buckler, Oskana Bulgakowa, Jan Czajkowski, Dietmar Dath, Boris Groys, Durs Grünbein, Ute Hannig, Johannes Harneit, Oskar Negt, Lucy Redler, Sophie Rois, Helge Schneider, Peter Sloterdijk, Rainer Stollmann
Idioma: Alemão
Áudio: Dolby Digital 2.0
Legendas: Português
Formato de tela: Fullscreen 1.33:1
Tempo de duração: 492 min.
Região: 4
Cor: Colorido e Preto & Branco

MAIS INFORMAÇÕES:
http://www.dvdversatil.com.br/o-capital/

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

John Pilger - A Palestina continua sendo a questão (Palestine Is Still The Issue) - completo




Documentário de John Pilger que retrata a vida de sofrimento e humilhação do povo palestino nos territórios ilegalmente ocupados pelas forças militares do estado sionista de Israel.

Ao final, John Pilger repete as perguntas que o grande arcebispo anti-apartheid Desmond Tutu havia feito pouco tempo antes: "Será que os judeus esqueceram em tão pouco tempo o sofrimento, a humilhação e as mortes que seus antepassados padeceram há apenas duas gerações? Por que eles agora estão praticando contra o humilde povo palestino atrocidades semelhantes às sofridas por seus antepassados nas mãos dos nazistas?" Boas perguntas, mas que continuam sem respostas.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

RUltimato 25/08/2011



Dia 25 vamos todos, estudantes, trabalhadores e professores lutar pela defesa de um ensino público e de qualidade!!!

domingo, 21 de agosto de 2011

Uma pequena fábula


Ocorreu um dia em que todos os partidos de esquerda resolveram entrar na onda das ONGS, abandonaram seu status de partido, e passaram a dialogar com o Estado somente a partir da burocracia (assumindo as funções do Estado como terceiro setor).
Num primeiro momento foi tudo lindo, no partido comunista nunca havia visto tantos militantes, nem na Revolução Russa, o Estado ficou feliz, de repente não devia mais suprir uma série de demandas de movimentos sociais, logo pode desviar recursos cada vez maiores às necessidades do mercado, os liberais amaram, o Estado finalmente era seu sem precisar de disputa alguma com a esquerda.
Ocorreu que depois da alegria inicial as ONGS de esquerda não aguentaram o tranco, a demanda era muito grande para anteder a todos os trabalhadores, a verba que o governo e empresas entregava era fixa, não aumentava, enquanto a necessidade da classe trabalhadora que agora era livre para comprar qualquer coisa no mercado, ao mesmo tempo, em que em um primeiro momento seu salário subiu, em um segundo momento ele voltou a ficar defasado, no terceiro momento ele já não conseguia comprar nem metade do que comprava no primeiro, e suas necessidades de saúde aumentavam, pois trabalhava mais a cada dia.
O descontentamento com as ONGS aumentam, mas ocorre que a esquerda não tem mais representantes na esfera política, e então o que fazer¿, a população vai às ruas, mas é reprimida, presa, morta, mas não há nada que se possa fazer contra. Ilegalmente dentro das ONGS surge a vontade de criar novos partidos, os partidos são criados de forma ilegal, mas organizam os trabalhadores em sua luta, a luta de classes se acirra, mas o partido oferece a organização sem a qual a classe trabalhadora dificilmente conseguiria para lutar contra seus patrões, com o tempo novos adeptos adentram à fileira do partido, a tomada do Estado pela via armada se mostra possível, e a classe trabalhadora finalmente vence.
Moral da história: o meio político pode ser recheado de armadilhas e contradições, pois envolve o poder, mas só a luta política pode levar à emancipação, e não o contrário, fugir da política é uma maneira de internalizar ainda mais a dominação que a classe burguesa tem da classe trabalhadora.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escolhas


A escolha de Celso Amorim para ocupar o lugar de Nelson Jobim é uma grata surpresa do governo, e vem num momento crítico no que envolve questões de defesa, e também de direitos humanos.
Dizer que a crise econômica mundial vive um período crítico é ficar no clichê, na última semana mesmo com o governo dos EUA solucionando o impasse do aumento do teto de sua dívida, o problema não foi resolvido por completo, o pacote aprovado jogará o país em uma nova recessão e diminuir a divida no meio de uma recessão econômica sem crescimento do PIB é algo impossível, o problema não foi solucionado, tanto é que as bolsas não param de cair. Com a crise econômica piorando o cenário das relações internacionais piora também.
Guerras já são corriqueiras, a possibilidade é que elas apareçam aos montes, principalmente por que é uma das maneiras de se solucionar uma crise de superprodução como vivemos atualmente. Diante disso Amorim se mostra uma escolha sábia, em um cenário internacional tenso um diplomata que sabe como solucionar esses conflitos pautando sempre por uma visão racional, mas ao mesmo tempo sobre um viés de uma esquerda democrática.
O fato de Amorim possuir uma visão mais de esquerda e de ser um dos defensores da política externa brasileira de valorizar as relações sul-sul, pode separar as políticas de defesa do país da vontade dos EUA, o que poderia começar já na compra dos caças da força aérea (as três escolhas de Jobim representavam tecnologias atrasadas para o país nesse quesito, além de duas opções serem claramente de empresas estadunidenses).
Sua escolha pode também representar novidades no campo dos direitos humanos, há anos o Brasil é acusado pela comunidade internacional inteira principalmente na América Latina, de esconder os crimes de seus militares durante a ditadura, evitando abertura de arquivos, não ajudando na hora de descobrir os desaparecidos e por aí vai, Jobim era um dos principais empecilhos a isso, defendia as viúvas da ditadura mais do que a vontade nacional.
Mas mais do que isso, Celso Amorim é um nome praticamente unanime entre os movimentos sociais, sua atuação na chancelaria brasileira foi um dos pontos altos do governo Lula, em um momento em que os movimentos sociais ameaçam mais do que nunca entrar em algum choque com o governo, Dilma espera manter pelo menos por hora esses movimentos próximos, principalmente em um momento onde várias denúncias pairam sobre os partidos da base aliada promovendo uma sangria perigosa, pois mesmo que não seja o PT o principal alvo, o governo perde aquela base de quase 400 parlamentares que ele possuía na posse.
Dilma fez várias escolhas erradas, ministros, aliados, e políticas públicas que favorecem apenas os mesmos grupos nacionais e internacionais que sempre comandaram o país, não são escolhas de nomes unanimes para certas pastas estratégicas que mudarão essa visão, é um governo que nunca será popular, e que por mais que se esforce sempre será um inimigo declarado dos trabalhadores brasileiros.
João Vicente Nascimento Lins 08/08/2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Crônicas de um país caloteiro por natureza


Ocorre uma sensação estranha quando você olha para os EUA e vê uma economia sem vigor, com desemprego em massa, e nos últimos dias passando por uma enorme crise política que quase o levou a declarar uma moratória.
É uma mudança de papéis a olhos vistos como nunca ocorreu antes, se no começo dos anos 2000 eram os países latinos americanos que batiam à porta do FMI e do Banco Mundial esmolando novas condições de pagamento e novos empréstimos devido ao profundo choque que o neoliberalismo ocasionou em suas economias, agora são as grandes economias que vivem esse grave problema. A vontade nesse primeiro momento é rir em um pensamento do tipo “haha, bem feito ninguém mandou explorar todo mundo, invadir países e promover guerras” como se fosse uma vingança do destino (e de fato o sentimento inicial na crise de 2008 era justamente esse).
Ocorre que é justamente nesses momentos de profunda exacerbação do caráter contraditório do capitalismo contemporâneo é que a classe trabalhadora precisa mais do que nunca escapar da armadilha das “fronteiras” e num sentimento de fraternidade mútua mundial se unir contra aqueles que tanto roubam de sua energia vital. Só que em momentos de profunda crise é que a burguesia se mostra mais disposta a desfraldar suas bandeiras mais conservadoras e fascistas atacando a classe trabalhadora de forma descarada. Isso se mostrou latente nos debates do congresso nacional dos EUA para se chegar a um acordo, os republicanos bateram o pé até o último minuto para conseguir que o governo cortasse o máximo possível de encargos sociais e mantivesse os impostos dos mais ricos baixos. Mas não foi só nos EUA, o mesmo foi visto na Europa.
Mídias populares, irradiadores de ideias, todos tem agido para evitar que o sentimento de solidariedade entre a classe trabalhadora reviva, depois de anos de reestruturação produtiva, precarizando os empregos, de a mídia martelando o individualismo, que você deve temer em primeiro lugar seu vizinho e não o seu patrão. O que ocorre agora é isso elevado ao cubo, agora não devemos combater nosso vizinho, só se ele for imigrante ou membro de uma minoria, se você está sem emprego a culpa é da minoria que é protegida pelo governo, sem perceber a direita mais xenofóbica assume o poder sob aplausos e ninguém consegue fazer nada contra.
Há paralelos para isso na história, em 1914 ocorreu algo parecido, para desmobilizar os movimentos operários como o alemão, jogou-se os povos europeus em guerra. Em 1939 foi até pior, guerra para superar a crise de 1929. Mais do que nunca é preciso que a classe trabalhadora de todo o mundo se unifique em torno de uma pauta única, que infelizmente nunca deveria ser esquecida, não é contra ela mesma que é preciso agir, é contra aqueles que tanto degradam o mundo, o homem, que tanto impedem que todos consigam viver de uma forma igualitária e digna.
Marx estava certo em 1848 e continua atualmente, “Proletariadosde todo o mundo, uni-vos”[1]!!!
João Vicente Nascimento Lins 04/08/2011


Charge estupenda, do sempre ótimo cartunista Carlos Latuff