domingo, 1 de novembro de 2015

O Avanço do conservadorismo

Desenho seminal da Laerte Coutinho


O fato é: Eduardo Cunha não age sozinho para aprovar pautas conservadoras no campo dos costumes; ele e seus pares são reflexos de uma ascensão dessas idéias.

O congresso mais conservador foi eleito na última eleição, mas isso por si só não explica tudo, no rastro da disseminação do ideário neoliberal, houve por parte da mídia um investimento em colunistas conservadores, ex-membros da esquerda, que defenderam durante anos uma criminalização da atividade política progressista, identificando ela com o PT e a partir daí com a corrupção.

Por sua vez a cúpula da igreja católica na concorrência com a teologia da prosperidade das igrejas neopentecostais, criou o movimento de renovação carismática, e afastou as principais lideranças da teologia da libertação no país. A renovação carismática defende uma vertente mais conservadora dos costumes, aproximando os protestantes e católicos no país.

Há o crescimento do protestantismo, o que pode ser explicado pelo vazio cultural nesse caso, o neoliberalismo contribuiu novamente, promovendo a pobreza com a desindustrialização, diminuição do papel do Estado e diminuição dos direitos sociais. A pessoa em desespero apela para Deus para solucionar seus problemas, pela própria sazonalidade econômica, pode ser que as demandas imediatas sejam atendidas, resultado a pessoa passa a acreditar que aquela forma particular de credo ajudou ele, ele conta para o vizinho também desempregado, e por aí vai.

O resultado foi uma disseminação das idéias conservadoras em pelo menos três aspectos da vida: na política, na economia, e nos costumes. Os três alimentam essa onda conservadora, da qual o congresso é expressão. Pode esperar que ainda há mais possibilidades de retrocesso, já que a maior parte dos projetos são emendas constitucionais, e foram votadas ainda apenas em comissões.

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